Por Tarcílio de Souza Barros
Espanha tem um histórico de grandes filmes produzidos por diretores como Luis Buñuel, Pedro Almodóvar e muitos outros, agora junta-se aos grandes José Luis Cuerda que compôs brilhante roteiro e direção de alto nível.
Conta a história de pessoas que vivem na Galícia, nas províncias de Pontevedra, Vigo com sua baia de onde partiam os galegos para as terras do novo mundo.
Filme é ambientado meses antes de começar a guerra civil na Espanha.
Em Pontevedra um venerando professor ensina as primeiras letras a um grupo de crianças, entre eles um menino de 10 anos, que quando declina seu nome na classe Moucha (Pardal) é motivo de risos dos demais alunos.
Há tensão na cidade pois as pessoas politicamente se dividem em comunistas e outros em franquistas, seguindo o ditador Franco. Pai de Moucha é comunista.
Pouco antes de instalar a revolução ocorre delações, prisões dos comunistas.
A mãe de Moucha vendo seu marido às vias de ser preso, queima todos documentos, panfletos que poderiam incriminar o marido e ensina Moucha a declarar aos fascistas que seu idoso professor e protetor de Moucha era comunista e ateu.
Moucha fica atônito com a instrução da mãe, mas obedece, delatando o mestre escola que entre outros, vai a prisão.
Cena da delação do menino é dramática, e fecha o filme.
O diretor José Luis Cuerda, com habilidade incomum, cria uma atmosfera reunindo a realidade com a melancolia. Cenários da natureza em sua calma, se sucedem a uma sociedade em aflição de delações e prisões injustas.
Interpretação dos atores impecável, mormente do menino Moucha (Manolo Alonso).
Montagem exata, sem desperdício do tempo. Fundo musical que acompanha a história de rara beleza. Execução da Orquestra Filarmônica de Praga.
Eis um filme que honra o Panteão do cinema da Espanha.
Filme: A Língua das Mariposas
Rot./Dir.: José Luis Cuerda
Origem: Espanha – 1999 – 96 min. – cor – Ficção.
Cotação: EXCELENTE