“CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” faz curta temporada em março

Foto: Weslei Barba

O premiado espetáculo “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”, da Companhia de Teatro Heliópolis, faz curta temporada na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho, no Ipiranga, entre os dias 2 e 17 de março.

As apresentações acontecem sempre aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h, e o público poderá conferir o espetáculo gratuitamente.

Em 2022 a peça ganhou o Prêmio APCA (Dramaturgia; indicado em Direção), Prêmio SHELL de Teatro (Dramaturgia e Música; indicado em Direção) e VI Prêmio Leda Maria Martins (Ancestralidade). Também foi relacionado entre os Melhores Espetáculos do Ano pela Folha de S.Paulo.

Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere explorando ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere. 

O enredo parte da história de duas irmãs gêmeas – Maria dos Prazeres e Maria das Dores – com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.

 O espetáculo tem as mulheres – mães, esposas, companheiras, irmãs – no centro da abordagem. “São elas que carregam o fardo, que são acometidas pelos desdobramentos do encarceramento de seus parceiros ou familiares, tendo a vida emocional, a segurança física e a situação financeira abalada. A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, argumenta o encenador.

A história das irmãs é um disparador no enredo para revelar o quanto é difícil se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem ter direito a uma nova vida conjugal. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.

A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece como uma representação da coletividade e é um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos nos corpos, nas memórias e nas crenças dos africanos que, escravizados, fizeram a travessia do Atlântico. 

Ficha Técnica

Encenação: Miguel Rocha. Assistência de direção: Davi Guimarães. Texto: Dione Carlos. Elenco: Antônio Valdevino, Dalma Régia, Davi Guimarães, Jefferson Matias, Jucimara Canteiro, Priscila Modesto, Vitor Pires e Walmir Bess. Direção musical: Renato Navarro. Assistência de direção musical: César Martini. Musicistas: Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino) e Jennifer Cardoso (viola). Cenografia: Eliseu Weide. Iluminação: Miguel Rocha e Toninho Rodrigues. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Clara Njambela. Costureira: Yaisa Bispo. Operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Cenotecnia: Wanderley Silva. Provocação vocal, arranjo e composição da música do ‘manifesto das mulheres’: Bel Borges. Provocação vocal, orientação em atuação-musicalidade e arranjo – percussão ‘chamado de Iansã’: Luciano Mendes de Jesus. Estudo da prática corporal e direção de movimento: Érika Moura. Provocação cênica: Bernadeth Alves, Carminda Mendes André e Maria Fernanda Vomero.  Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão. Mesas de debates: Juliana Borges, Preta Ferreira, Roberto da Silva e Salloma Salomão – mediação de Maria Fernanda Vomero. Orientação de dança afro: Janete Santiago. Direção de produção: Dalma Régia. Fotos: Rick Barneschi, Tiggaz e Weslei Barba. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Estreia oficial: 12/03/2022.

Serviço

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos

Temporada: 2 a 17 de março de 2024

Horários: Sábados, às 20h, e domingos, às 19h

Onde: Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho | Rua Silva Bueno, 1.533 – Ipiranga. São Paulo/SP

Duração: 120 min

Classificação: 12 anos

Gênero: Experimental

Ingressos: Gratuitos | Reserve online

Bilheteria: 1h antes das sessões

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