Confira a crítica de Tarcilio de Souza Barros sobre o filme “Paraíso em Chamas”

Imagem de divulgação

Por Tarcilio de Souza Barros

O filme “Paraíso em Chamas”, exibido na 47.ª Mostra Internacional de Cinema, tem direção e roteiro de Mika Gustafson, e embora ficcional, deixa transparecer ser um documentário de primeira linha.

Um escorreito roteiro conta que numa região operária da Suécia, as irmãs Laura, Steffi e Mira sobrevivem sozinhas à própria sorte, dada a ausência da mãe e de um pai ausente.

Chega o verão num país de clima frio, este vai se retirando para dar passagem ao despontar da exuberante natureza.

A diretora nos mostra as adolescentes no esplendor do surgimento do sol, do brotar das flores, dançando, cantando e rolando pela grama verdejante, como ninfas surpresas da beleza à volta.

Mas quando o conselho tutelar convoca uma reunião das três jovens e sua mãe, elas precisam encontrar uma mãe para tentar escapar das rígidas regras do órgão governamental.

Agora se encontram forçadas a falta de liberdade e a dura realidade.

Com roteiro exemplar, baseado em fatos análogos à vida, o filme vai ao realismo documental.

Um vizinho pergunta às meninas onde se encontra a mãe, que respondem ter morrido de um ataque cardíaco, restando o pai ausente, agora viúvo, morando com uma mulher, tão idosa quanto ele, que se dedica numa sala imunda de um bar a cantar repetidas canções num tosco microfone.

Filme vai finalizando com uma filha vendo o pai sentado numa mesa com um copo de cerveja, parado, inerme como um bonzo, e a filha esfregando uma toalha no rosto do pai, como quisesse despertá-lo de um sono mortal.

Termina o filme mostrando o drama de famílias com pais ausentes.

Serviço:

Filme: Paraíso em Chamas

Rot./Dir.: Mika Gustafson

Suécia, Itália, Dinamarca, Finlândia

Cor. 106 min. Ficção

Vencedor do prêmio de melhor direção da seção Horizontes do Festival de Veneza

Veja também