Trazendo o universo da ficção científica para a realidade, segue em cartaz na Japan House a exposição gratuita “Convivendo com robôs”, que apresenta 11 robôs retratados como amigos e parceiros dos humanos.
Conhecidos friendly robots, ou robôs amigáveis, em português, eles são projetados para se relacionarem com os humanos de maneira simpática, segura e colaborativa. Dessa forma, o público poderá conferir quatro categorias de robôs: colegas de trabalho, companheiros, comunicativos e os que ajudam os humanos.
“São robôs que já existem e são usados na prática. Não são de ficção, com o objetivo de aumentar a eficiência ou como protótipos em desenvolvimento”, declara o curador Zaven Paré, pesquisador do segmento de tecnologia e robótica.
A exposição destaca principalmente os exemplares que existem como companhia com ênfase na comunicação não-verbal, possuindo, inclusive, a função de expressão emocional, ao invés de um dispositivo apenas de comunicação.
Projetados com inteligência artificial e sensores sofisticados, o que lhes permitem compreender e responder às necessidades e expressões humanas de forma intuitiva, os robôs amigáveis têm sido empregados em estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais, casas de repouso e até no cotidiano doméstico, tornando-se verdadeiros assistentes pessoais ou até membros da família.
“O presente no Japão nos conta um pouco sobre o futuro em todo o mundo, por exemplo, a solidão no contexto do envelhecimento populacional. O Japão é um laboratório. Alguns desses robôs demonstram como é possível motivar e interagir. São robôs empáticos, que trazem apelos emocionais e expressões universais como o ato de bater palmas ou um olhar mais expressivo.”, comenta Paré.
A exposição mostra ainda uma linha do tempo sobre a história do robô no Japão e no mundo, considerando a realidade e a ficção científica. Destaque para o ancestral dos robôs: o autômato servidor de chá Chahakobi Ningyô. Típico do Japão, ele aparece em romances populares no período Edo e é fruto do progresso técnico da relojoaria, figurando na origem da concepção de máquinas industriais.
Sobre os robôs
aibo, da Sony Group Corporation
aibo é um robô de entretenimento que se conecta com as pessoas no dia a dia, tornando-se o alvo da alegria de criar e de afeto. Lançado em 2018, foi desenvolvido com objetivo de ser um curioso que se aproxima das pessoas de forma independente, aprofundando os laços à medida que interage, para se tornar um parceiro que se desenvolve junto. Com aparência arredondada e viva que faz com as pessoas queiram abraçá-lo. Expressa emoções seguindo o movimento das pessoas com os olhos, trocando olhares, piscando, mudanças no olhar, movimentos e gestos dinâmicos. O conjunto de sensores, que analisa dados e informações adquiridos do ambiente e das pessoas com quem ele interage, e a tecnologia de inteligência artificial da Sony conectada à nuvem da internet, possibilita o desenvolvimento único do aibo e proporciona um dia a dia mais adaptado a cada tutor.
BIG CLAPPER, da BYE BYE WORLD Inc.
Lançado em 2018 e resultado da pesquisa de mestrado sobre ‘máquina de palmas’, desenvolvido pelo Takahashi, presidente da empresa. Usa a linguagem universal dos aplausos, com suas mãos de borracha aptas a produzir mais de 500 diferentes apresentações, baseadas no som de palmas, para chamar a atenção das pessoas. Sincronizado com um smartphone, o usuário pode comandá-lo remotamente, criar frases originais e padrões de palmas. O BIG CLAPPER está sendo comercializado como uma forma potencial para as lojas de varejo com o objetivo de atrair clientes e gerar entusiasmo. Além disso, seus olhos foram projetados para parecer que estão sempre olhando para o observador.
Gatebox, da Gatebox Inc.
A personagem holográfica Azuma Hikari é uma criatura virtual 3D com 20cm de altura. Tem 20 anos, veste-se de azul e troca de figurino dependendo da hora e das circunstâncias, já que utiliza tecnologias de comunicação, reconhecimento de voz e facial, além de sensores de presença, de luz ambiente, de umidade e de temperatura. Auxiliar e companheira de casa, esta projeção com personalidade própria, se assemelha a uma personagem de anime, as famosas animações japonesas, e tem a voz da dubladora japonesa Hiyamizu Yuka. É possível se comunicar com ela por meio do aplicativo de mensagens Line e por voz. Segundo seu criador, Takechi Minori, “Gatebox é o primeiro robô doméstico virtual que te permite conviver com seu personagem favorito”.
HAL – Hybrid Assistive Limb, da CYBERDYNE Inc.
Considerado o primeiro robô do tipo “ciborgue” capaz de melhorar a capacidade física das pessoas, HAL é um dispositivo de 14kg capaz de auxiliar no aumento de autonomia das pessoas com deficiências ou que perderam força nas pernas, mas também serve de suporte para aqueles que precisam fazer esforços grandes, como carregar peso, cuidar de outras pessoas, além de ser utilizado no treinamento de atletas. Ele funciona enviando sinais de comando do cérebro até os músculos através dos nervos quando a pessoa tenta se movimentar. Nesse momento, sensores colocados no nível das lombares do usuário registram os sinais bioelétricos que são transmitidos ao dispositivo robotizado. Sua bateria tem autonomia de uma hora.
LOVOT, da GROOVE X, Inc.
LOVOT é um robô que atende quando é chamado e faz contato visual. Se apega à pessoa que gosta e pede por colo. Quando abraçado, é possível senti-lo ligeiramente aquecido. Apesar de ser um robô, ele transmite uma real vivacidade que é uma de suas características. Nos últimos anos, chamou a atenção devido às suas perspectivas de uso em cuidados mentais, educação de enriquecimento sensitivo e ensino de programação durante a pandemia de COVID-19, sendo adotado nas escolas infantis, ensino fundamental, instituições de cuidados e empresas de todo o Japão.
necomimi, da NeuroSky Co., Ltd. / neurowear
necomimi é um tipo de dispositivo de comunicação totalmente inovador que amplifica o corpo e a capacidade humana. Essa máquina com o formato de orelha de gato, utiliza as ondas cerebrais para expressar o seu estado antes que você o faça por meio de palavras. Com o necomimi colocado na cabeça, as pessoas podem ver que, quando você está concentrado, as orelhas ficam levantadas; quando está relaxado, as orelhas ficam abaixadas; quando a concentração e o relaxamento ocorrem simultaneamente, elas ficam levantadas e se movem ligeiramente. Acredita-se que esse é o estado em que os atletas profissionais conseguem obter melhores performances.
NICOBO, da Panasonic Entertainment & Communication Co., Ltd. | ICD-Lab Toyohashi University of Technology
Desenvolvido em 2021 para provocar empatia, balançando a cauda de forma feliz para demonstrar atenção quando acariciado, esse robô vive no seu próprio ritmo, às vezes distraído, às vezes falando enquanto dorme ou até soltando puns. No começo da sua relação com humanos, ele enuncia apenas algumas expressões, tais como “Moco!” ou “Mocomon!”, mas, aos poucos, pode aprender novos termos e até se expressar com um novo vocabulário.
PARO, da National Institute of Advanced Industrial Science and Technology – AIST
O modelo do Paro é o filhote de foca harpa. Possui sensores de reconhecimento de voz, tato, luz, postura e temperatura (controle de temperatura corporal), capaz de movimentar de forma autônoma por intermédio da aprendizagem obtida pela inteligência artificial. PARO emite sons, pisca e move as patas, podendo expressar alegria ao receber carinho ou ao ser carregado no colo. Ele motiva as pessoas com quem interage, sendo utilizado como ‘dispositivo médico’ para aliviar o estresse, solidão, ansiedade, dor, depressão e agitação (violência, abuso verbal, perambulação, entre outros) e tem sido introduzido em hospitais, casas de repouso e instituições de bem-estar social ou médicas para interagir com idosos, adultos e crianças.
Pepper, da SoftBank Robotics Group Corp
O Pepper, um dos primeiros robôs humanoides capazes de expressar emoções, tem sido usado na apresentação de produtos e na recepção de empresas, restaurantes, hospitais e escolas desde 2014. Sua estatura é próxima da altura dos olhos de um adulto sentado, com aproximadamente 121 cm. Ele é capaz de perceber as emoções do interlocutor, por expressões faciais e tom de voz, sendo capaz de se comunicar e produzir emoções, como alegria e tristeza, enquanto muda de postura e movimenta os braços.
Qoobo, Yukai Engineering Inc.
Qoobo é um tipo robô terapêutico com formato de almofada de 32cm de diâmetro que responde ao toque abanando a cauda de pelúcia, programada para imitar os movimentos de animais domésticos. Quando é tocado de forma leve, o Qoobo balança a cauda vagarosamente. E quando recebe várias carícias, a cauda balança de forma mais rápida. Às vezes, ela se move sem estímulos, como se fosse um comportamento que obedece a uma vontade própria. É utilizado em diversos espaços, como em instituições de cuidados para idosos e ambientes que não permitem ter animais domésticos para inspirar conforto e tranquilidade.
Chahakobi Ningyô
Um dos pioneiros dos robôs, este autômato servidor de chá (chahakobi-ningyô) é típico do Japão, aparecendo em romances populares desde o início do período Edo, no começo do século XVII, e descrito no “Karakuri Zui” (1798) – único manual existente de bonecas mecânicas – de Hosokawa Hanzo. O robô é fruto do progresso técnico da relojoaria, figurando na origem da concepção de máquinas industriais. O nome Karakuri Ningyô vem da junção de karakuri, que significa “mecanismo” ou “truque”, e ningyô tem o duplo sentido de suas sílabas, “pessoa” e “forma”.
Serviço:
Convivendo com robôs
Período expositivo: até 31 de março de 2024
Onde: Japan House São Paulo | Avenida Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo
Entrada gratuita | Agendamento online
A exposição conta com audiodescrição, libras e bancada com elementos táteis como recursos de acessibilidade.
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h