Pela primeira vez no Brasil, o MAM exibe a série BLACK, que reúne filmes de Aldo Tambellini, artista ítalo-americano, cujo trabalho foi pioneiro na experimentação das novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance.
A mostra de filmes se inicia neste sábado, 18, e a programação, que contará com sessões gratuitas, se estende até dezembro no Auditório Lina Bo Bardi.
Na abertura de Black, antes da exibição, a curadora da mostra, Jane de Almeida, e o curador-chefe do MAM, Cauê Alves, estarão a frente de um bate-papo com o público presente.
Filmes BLACK
Realizada na década de 1960 em Nova York, a série de filmes BLACK era acompanhada por performances e poemas do movimento Black Power. A obra, na época, era exibida no Black Gate Theatre, fundado por Tambellini e o artista Otto Piene. “Era um espaço único na cidade, onde se exibia uma programação de filmes experimentais e independentes, além de performances e instalações multimídia ao vivo de artistas como Nam June Paik e Yayoi Kusama. Nesse local, Tambellini apresentava seus dispositivos artísticos, como o Black Spiral, uma modificação de TV que distorcia as transmissões ao vivo”, explica Jane de Almeida.
A produção que abre a série, BLACK IS, tem como trilha sonora o som de batimentos cardíacos e foi realizada inteiramente sem câmera. O filme projeta formas abstratas e iluminações sobre um fundo noturno. O preto como elemento metafísico e como fim era um tema recorrente na obra de Tambellini. “Na obra de Tambellini, o preto é um compósito sensual que reúne diferentes elementos como cor, matéria física, raça, escopia, filosofia e ideologia”, comenta Jane de Almeida.
Sobre Aldo Tambellini
Aldo Tambellini (1930-2020) é um artista americano-italiano, reconhecido internacionalmente por um trabalho pioneiro que explorou as novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance. Nos últimos anos, Aldo Tambellini teve seus trabalhos expostos em importantes centros como a Tate Modern (2012 e 2020), MoMA (2013), ZKM (2020), Centre Georges Pompidou (2012) e a Bienal de Veneza (2015). Este reconhecimento recente reflete suas obras pioneiras no cenário artístico de Nova York durante 1950 e 1960, com peças dedicadas ao ativismo político e preocupações filosóficas sobre a comunidade artística.
Aldo Tambellini nasceu nos Estados Unidos e sua família se mudou para Itália no início de sua infância. Ali viveu até a Segunda Guerra Mundial, período em que viu seus amigos e vizinhos serem bombardeados. Na vida adulta, ao retornar ao solo americano, essas memórias aparecem em sua obra marcada pelo encontro inesperado e obsessivo com o preto.
Filho de pai brasileiro, Aldo esteve no Brasil em 1981, para apresentar seu trabalho Comunicatosfera na 17.ª Bienal de São Paulo. Em uma jornada artística e identificatória de nove meses na cidade, registrada em cartões postais, ele se pergunta: How Brazilian can we get? (quão brasileiro você pode se tornar?).
Além das produções gravadas na década de 1960, a seleção apresentada na mostra de filmes do MAM inclui Listen (2005), um filme-ensaio realizado por Tambellini em parceria com Anthony Tencza. A produção foi premiada no New England Film Festival e no Syracuse International Film Festival, ambas na categoria Melhor Filme Experimental.
Serviço
BLACK, Aldo Tambellini
Curadoria: Jane de Almeida
Data: 18 de novembro de 2023
Local: Auditório Lina Bo Bardi no MAM
Programação:
- 14h30 – conversa com Jane de Almeida e Cauê Alves
- 15h30 – sessão Listen e The event of the screw
- 15h50 – série BLACK
Ingressos: Gratuito | Reserve aqui
Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo | Av. Pedro Álvares Cabral, s/n.º – Parque Ibirapuera, Portões 2 e 3
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h. Gratuito aos domingos