Está em exposição no Museu da Diversidade Sexual (MDS) a mostra “Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura”, dedicada à preservação de referências das memórias da resistência e da repressão política do Regime Militar.
Com curadoria de Renan Quinalha, a exposição faz um recorte sobre as relações entre autoritarismo e diversidade sexual e de gênero. Além disso, ela também faz um retrato da comunidade LGBT com relação à ocupação da cidade de São Paulo de acordo com o poder aquisitivo.
“Orgulho e resistência é uma daquelas exposições fundamentais para recuperar a memória da nossa comunidade e das pessoas LGBT+ que lutaram pela nossa democracia e liberdade durante a ditadura, um período marcado pela repressão, mas onde sempre existiu resistência e orgulho”, comenta Franco Reinaudo, diretor do Museu da Diversidade Sexual.
A exposição vai além de demonstrar a narrativa da repressão durante a ditadura e se volta à série de ações de resistência que surgiram, neste período, em defesa da diversidade. O público terá acesso a obras literárias, cartazes de peças de teatro, músicas, filmes, fotografias e materiais que confrontavam a censura na época, além de documentos oficiais da ditadura.
Dentre os destaques, está um desenho inédito da cartunista Laerte Coutinho que representa a pluralidade de gêneros. Mesmo num contexto repressivo, a mostra aborda o movimento LGBT dando os seus primeiros passos. Uma série de fotografias exemplifica como a sociabilidade de homossexuais e travestis era cada vez mais visível e crescente em alguns bares e boates da região central da cidade de São Paulo.
O público poderá perceber como as prisões em massa foram instrumento do Estado para reprimir tipos sociais “indesejáveis”, baseados no ideário da moral e dos bons costumes. E o projeto curatorial reforça como essas prisões se mantiveram frequentes após o golpe de 1964 com a intenção de manter uma espécie de “higienização moral”, sendo comumente batizadas de Operação Boneca, Operação Limpeza, Pente-Fino, Arrastão. Nas décadas de 60 e 70, a resistência também é demonstrada no âmbito cultural, com o surgimento de uma arte considerada transgressora e de contracultura. Para a mostra, uma das referências é o grupo Secos e Molhados, que tinha como vocalista Ney Matogrosso, de aparência andrógina e que, por meio da mídia, chegava a inúmeras casas brasileiras, numa clara referência à pluralidade de gêneros.
Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura contextualiza também o surgimento de um movimento LGBT mais organizado a partir de 1978. O visitante terá acesso a imagens de atos de rua e capas de publicações das imprensas alternativas que abordavam o assunto. Por fim, a exposição faz um paralelo ao demonstrar que mesmo com a constituição de um movimento mais organizado no fim da década de 70, muitas das reivindicações históricas do Movimento LGBT foram conquistadas bem recentemente, como a união estável e casamento homoafetivos (2011), mudança de prenome e sexo nos registros de pessoas trans (2018) e criminalização da LGBTfobia (2019).
Sobre o Museu da Diversidade Sexual
Primeiro equipamento cultural da América Latina relacionado à temática, o Museu da Diversidade Sexual foi criado em maio de 2012 e é uma instituição vinculada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Sua missão é preservar o patrimônio sócio, político e cultural da comunidade LGBTQIA+ brasileira através da coleta, organização e disponibilização pública de referenciais materiais e imateriais. As atividades culturais, educativas e expositivas do MDS têm foco nas orientações, identidades e expressões de gênero dissidentes.
O museu é gerido pela Amigxs da Arte, em parceria com o Memorial da Resistência.
Serviço
Local: Museu da Diversidade Sexual
Estação República do Metrô, atrás da bilheteria. Piso Mezanino, loja 518
Funcionamento: Terça a domingo das 10h às 18h
Classificação Indicativa: Livre
Ingressos: Gratuito
Capacidade de até de 70%