Por Tarcilio de Souza Barros
O filme “As Invasões Bárbaras”, com roteiro e direção de Denys Arcand, mergulha na vida de Rémy, um homem arrependido à beira da morte.
Portador de um câncer fatal, Rémy está hospitalizado sob um complexo procedimento de cura.
Para aliviar dores intensas provenientes do câncer, seu filho, um bem-sucedido jovem que trabalha para grupos econômicos na área petrolífera com alto salário, decide auxiliar o pai, embora entre os dois haja um antagonismo familiar.
A morfina usada não faz mais efeito para eliminar a dor. Impõe-se uma droga pesada e essa é a heroína, e o filho vai em busca dela.
A proibição e punição severamente aplicada aos traficantes e consumidores obriga o filho a ir na calada da noite adquirir a droga por um alto custo.
O pai permanece hospitalizado e uma enfermeira aplica as doses em Rémy aliviando seu sofrimento.
Através de flashback, o espectador vai se inteirando da vida de Rémy perpassada. Embora casado, os contínuos adultérios são um dos desentendimentos entre filho e pai.
Suas amantes o visitam no leito e relembram as orgias sexuais do passado.
As cenas finais mostram Remy no leito esperando a última dose de heroína que vai dar término à sua vida.
Quase sem forças murmura seu agradecimento à enfermeira dizendo: “Sou grato, pois foste meu anjo da guarda todo esse tempo”.
Em “As Invasões Bárbaras” Denys Arcand faz uma severa crítica sobre o sistema médico do Canadá, país considerado de primeiro mundo, com sistema eivado de falhas como os do terceiro mundo.
Um elenco primoroso de atores franco-canadenses dão veracidade ao plot, concluindo que uma vida desbastada na matéria, no último momento, por arrependimento da alma, alcança a perdida paz.
Montagem, luzes, cenário e melancólico score musical fazem desse filme uma obra-prima do cinema.
Serviço
Filme: As Invasões Bárbaras
Tit./orig.: Les Invasions Barbares
Rot./Dir.: Denys Arcand
Origem: Canadá/França – 2003 – Cor – 112 min. – Ficção
Avaliação: Excelente
