Por Tarcilio de Souza Barros
O filme “Inch’Allah”, oriundo da Palestina, do roteirista e diretor Anaïs Barbeau-Lavalette, embora seja ficção, deixa transparecer ser um documentário.
O cenário se passa em Gaza, cidade semidestruída por constantes bombardeios na guerra entre Israel e Palestina.
Vemos escombros de prédios, ruas atulhadas de blocos de pedras, por onde perambulam atônitos, homens, mulheres e crianças catando o que sobrou da destruição, crianças procurando seus brinquedos de plástico e roupas para vestir, mães tentam achar restos de comida para alimentar sobreviventes familiares.
Nesse inferno, Ava trabalha como médica numa clínica, medicando crianças feridas pelos estilhaços das bombas.
O diretor dá celeridade às tomadas, aumentando o clima feroz do conflito.
Youssef, menino de 12 aninhos é ativista e infla um grupo de crianças a combater com pedras, arremessando estas aos tanques de guerra israelenses.
Em uma cena, uma mãe idosa grita desesperada aos passantes que sua casa foi totalmente destruída num ataque por mísseis de Israel, matando seu marido e cinco filhos.
Mesmo nesse caos sua população muçulmana se mantém firme e decidida a não entregar seu território ao inimigo.
A cena final mostra a edificação de muro na parte da Cisjordânia por parte de Israel para evitar a passagem dos habitantes palestinos para seu território.
Ava caminha entre blocos e pedras, chega ao muro e com objetos perfurantes faz um orifício e coloca um olho, dizendo a nós espectadores estar vendo uma árvore grande e uma árvore pequena no outro lado do muro.
Ato de fé e esperança em que morre seu povo adulto, mas que seu país sobreviverá, como a pequena árvore, crescerá e tornará a ser grande.
Serviço
Filme: Inch’Allah
Rot/Dir.: Anaïs Barbeau-Lavalette
Origem: Palestina – 2023 – Cor – 104 min – Ficção
Avaliação: muito bom