OSESP em notável performance orquestral na Sala São Paulo

Foto: Laura Manfredini

Por Tarcilio de Souza Barros

Na elegante Sala São Paulo, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) exibiu excelente programa musical.

O público aguardava com apreço ouvir o concerto para piano em sol menor, a Op. 40, de Sergei Rachmaninov (1873-1943), peça musical raramente executada, pois a fama paira nos concertos 2 e 3, que são constantemente executados pelos mais célebres pianistas nas salas do mundo.

O compositor russo de sólida formação acadêmica, compôs quatro concertos para piano e orquestra. O Concerto n.º 4, de menor popularidade, muito embora seja de porte magnífico, é menos executado. Em 24 minutos de duração transmite uma gama de nacionalismo moderado, em que os elementos folclóricos russos, desempenham a função de colorido exótico, agradando o público ocidental. A peça se inicia com uma lufada de alegria e esperança. A melodia encantadora se repete com o acompanhamento do piano, não ligado pelas cordas graves, sempre com pequenos acentos de intensidade levados a uma seção mais movimentada, com luz e vigorosa energia. Aqui se destaca Stephen Hough que executa de forma brilhante este concerto. Seus dedos tocavam as teclas, ora suavemente, ora de forma pujante, em melopeias agradáveis.

Equilíbrio entre orquestra e solista é um desafio para os intérpretes, pois as texturas correm o risco de desaparecer sob a orquestra suntuosa.

Stephen Hough levou ao delírio a plateia ao final da audição, que pedia bis, concedido com uma peça musical de terna formosura.

No programa constava duas sinfonias de Joseph Haydn (1732-1809), ouvindo a Sinfonia n.º 22 em mi bemol maior ─ O Filósofo, de profunda ternura  e a Sinfonia n.º 30 em dó maior ─ essa um tanto marcial. Constatamos ser Haydn um assombro. Criador de 130 sinfonias, todas encantadoras. Expressam em suas obras sinfônicas o chamado classicismo vigente, isto é, A Tríade Haydn-Mozart-Beethoven.

Haydn é um dos maiores inventores de melodias em toda a história da música. A suprema inteligência musical é realizada numa profunda revolução que a da Ars Nova, e mais construtiva que a de Monteverdi.

A OSESP, através do excelente corpo de solistas, deixou impressão notável ao entrar no palco para execução com um acesso aos acentos com disciplina e discrição.  

Sob uma regência concisa e pujante, Thierry Fischer, diretor titular musical da OSESP, regeu brilhantemente a orquestra.

Findou a performance com a suíte O Cavaleiro da Rosa Op. 59 (1910), composta por Richard Strauss (1864-1949). Der Rosenkavalier é uma peça com todos os recursos da música moderna. Interpretou Strauss o libreto que Hofmann Thal  escrevera, narrando as divertidas traições, disfarces e declarações de amor dos personagens. Evolução deliciosa por um burguês culto e moderno, de uma época de requintada civilização da Viena Imperial. Uma música saturada de cultura e beleza. Belíssima música que sobrevive em forma de suite para uso nos concertos sinfônicos.

Ao final, a plateia aplaudiu de pé longamente por constatar o nível da performance musical. 

Serviço

Temporada OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo

Regente Titular: Thierry Fischer

Piano: Stephen Hough 

Avaliação: Excelente

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