Tarcílio de Souza Barros
Conversamos com Mohamed El Zwei, nascido em Benghazi, Líbia em janeiro de 1961. Formado em Economia na Universidade de Benghazi, também cursou Economia de Comércio Internacional em Vancouver, Canadá. Foi Adido com Contrato Local de Assessoria na Embaixada da Líbia em Brasilia de abril de 1991 até 1994. Prestou serviços de Gerente Comercial na Construtora Andrade Gutierrez por muitos anos.
Perguntamos como foi recebido o surto de pandemia pelo Governo Líbio e população, no período de fevereiro até então, diante dos primeiros casos. Mohamed explicou que o país conta com seis milhões de habitantes, mas não houve pânico generalizado. Foi exercido eficiente controle presencial, uso de máscaras e o Ministério da Saúde manteve eficaz cobertura médica e hospitalar contra ação da Covid-19.
Com a população restrita às suas moradias, atenção aos idosos e doentes, o índice de infecção atingiu milhares de afetados, obtendo, como resultado, centenas de mortes. Destacou que, embora o impacto tenha sido notável, pode-se considerar que, agora, o panorama pandêmico, na Líbia, está em condições estáveis.
Quando questionado sobre a vacina — anunciada por grandes laboratórios —, Mohamed diz que a fórmula, em si, não é para salvar a humanidade, mas sim um recurso financeiro para grandes corporações farmacêuticas. Implica, ainda, que o mundo está economicamente polarizado: envolvido de um lado por China, Índia e Rússia, por outro lado pelos Estados Unidos e Europa Ocidental.
Seu país sofre consequências dessa pressão por conter duas energias imprescindíveis que são gaz natural e petróleo, este considerado de alta octanagem sendo um dos melhores do mundo. Guerra civil na Líbia é fomentada pelos poderosos grupos econômicos internacionais.
Para Mohamed o Brasil está numa posição privilegiada por ser dotado de componentes como ar, rios em abundância, minerais, sendo que o país conta com um quinto da reserva de água do mundo. Suas áreas de plantio abastecem de alimentos inúmeras nações do planeta. Disse com entusiamo ser o Brasil o país do presente, não do hipotético futuro. Impõe que o país deve agir politicamente optando manter-se nos dois lados das grandes forças mundiais.
Dotado de aguda percepção acadêmica e sempre bem humorado, Mohamed registra seu anseio por um mundo melhor, onde prevaleça a mútua fraternidade entre os povos.