Por Tarcílio de Souza Barros
No dia 8 de outubro foi realizada uma coletiva de imprensa na Cinemateca Brasileira, que está situada num complexo aprazível com jardins floridos e amplas alamedas arborizadas.
A Cinemateca Brasileira está renovada e agora conta com nova linha de patrocinador, podendo manter um dos melhores acervos de filmes, rivalizando com a Cinemateca Uruguaia, até então a melhor da América do Sul.
Jornalistas e convidados especiais foram recepcionados com amável cortesia por Leila Bourdoukan, Margo Oliveira e Carol Moraes, do Comitê de Imprensa da Mostra. Um fino serviço de buffet com inigualáveis iguarias culinárias estava à disposição dos participantes.
Às 10h foram abertos os trabalhos da curadora da mostra, Renata de Almeida, que dotada de fina sensibilidade e destemor incomum ante as inumeráveis dificuldades que um evento dessa magnitude comporta, mantém os ideais do saudoso esposo Leon Cakoff, criador e idealizador de um dos maiores festivais de cinema do mundo. Renata de Almeida fez um relato das inúmeras dificuldades que a mostra enfrentou para poder trazer ao público e à crítica o melhor da produção cinematográfica da atualidade.
A mostra enfrentou a crise da pandemia, falta de recursos governamentais, e perda de patrocinadores tradicionais, e mesmo assim, em campo adverso, renovou-se e está trazendo ao público exibições presenciais com 210 películas, sendo que grande parte delas foram exibidas e premiadas nos grandes festivais de cinema.
Finda sua explanação sob intensos aplausos da plateia, foi exibido o filme “Armageddon Time”, do consagrado diretor e roteirista James Gray, que estreou no cinema em 1994 com a película “Little Odessa”, vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza.
Nesta sua última obra, o diretor e roteirista narra aquilo que os Estados Unidos tinham na cabeça que era o sonho americano: fazer dos jovens estudantes a elite pensante do país. Paul, filho de uma família da classe média e um jovem de 12 anos com tendência a pintura cursa um escola, faz amizade com outro aluno negro pobre, que tem uma avó à beira da morte. Os jovens são unidos e rebeldes aos ensinos de um professor mal-encarado, sempre os estigmatizando numa possível expulsão.
O diretor enfatiza o valor da amizade entre adolescentes, ao mesmo tempo em que ficamos sabendo que seu avô judeu ucraniano teve que emigrar do seu país natal para América por perseguição e ameaças de morte por grupo de nazistas.
Novamente o diretor volta a analisar grupos por exclusões sociais.
A narração prende atenção do espectador pela alternâncias da existência da vida árdua que os personagens enfrentam, principalmente do jovem Pau,l que mantém relações conturbadas com seus pais, porém compreendido pelo avô, interpretado pelo veterano ator Anthony Hopkins, que trabalhou em Easy Rider e mais de 80 filmes.
Fotografia, score musical e montagem sustentam esse filme em sua qualidade de produção.
Serviço ao público
Filme: Armageddon Time
Direção e roteiro: James Gray
Fotografia: Darius Khondji
EUA, BRASIL, 2022, cor, 115 min, Ficção
Avaliação: Excelente