São Paulo Companhia de Dança apresenta “Ensejos” no CCSP

Foto: Iari Davies

 

Fruto de uma parceria inédita entre a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) e o Centro Cultural São Paulo (CCSP), “Ensejos” fica em cartaz entre os dias 13 e 16 de abril na sala Adoniran Barbosa.

Com direção de Inês Bogéa e curadoria de Mark Van Loo, “Ensejos” é composto por quatro obras que o público poderá assistir gratuitamente.

“Ensejos” começa com “Ver o Ar Ouvir o Verão”, que é uma partitura coreográfica criada por Eduardo Fukushima a partir de sua pesquisa com práticas corporais chinesas e japonesas, entrelaçando questões da dança contemporânea e da performance, a partir de múltiplas referências. “O ar é a matéria principal dessa coreografia. É uma tentativa de coreografá-lo, dar luz à sua matéria ao mesmo tempo concreta e invisível, que nos envolve, nos une. Há alguém no vento? O vento passa e o que antes era verão agora já é outono. Mas ainda é preciso escutar o calor, ouvir o verão”, fala o coreógrafo. Esta é uma dança para as forças do vento.

Na sequência, vemos “Teia de Renda”, de Arilton Assunção, que parte de temas como a literatura, a poesia, a dramaturgia, a política e a religiosidade em movimento para construir a obra. A coreografia encontra nas composições “Teia de Renda” e “Evocação das Montanhas”, a inspiração e a liberdade de sua concepção. “Uma teia que sustenta, que alimenta, que une e separa relações”, diz Arilton.

Inspirado livremente na obra literária “As veias Abertas da América Latina”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) e embalado pelas canções da cantora argentina Mercedes Sosa (1935-2009), “Veias Abertas”, de Poliane Fogaça, propõe o encontro desses dois grandes artistas que em comum, contaram as histórias dos povos latino-americanos. Galeano nos diz que “o futuro sempre precisa ser reinventado”, enquanto Mercedes dizia “que é preciso dar voz aos que não têm voz”. A obra revela aspectos sociais – como a fome, a falta de oportunidade, a luta contra a repressão – e a resiliência, o amor pelo próximo e a noção de unidade entre os povos. “Quiçá seja uma utopia acreditar que é possível estancar o sangue das veias abertas da nossa sociedade. Mas que seja um sonho em ação, um ato de esperançar um novo futuro de justiça e união. Por meio da poética da arte de dançar, que a dor cesse, que a ferida cicatrize e que nos inspire a cada passo, a sermos e estarmos uns pelos outros”, diz a coreógrafa.

Para encerrar a noite, sob os clássicos de Lindomar Castilho, como “Você é Doida Demais”, “Vou Rifar Meu Coração” e “Linda” – revisitados e modernizados pelo compositor Ed Côrtes – a coreógrafa Lili de Grammont, cria sua primeira obra para a São Paulo Companhia de Dança, a partir de um dos casos passionais mais conhecidos no país: o feminicídio de Eliane de Grammont, sua mãe, por Lindomar Castilho, seu pai. A dramaturgia da obra é construída a partir de pinceladas de memórias de Lili com relação a história. “A narrativa não é direta e tão pouco intenciona contar a história. É uma inspiração, recheada de sentimentos e complexidades. “Memória em Conta Gotas” expõe vulnerabilidade e tristeza, mas acima de tudo dialoga sobre como seguir com coragem e esperança”, diz ela.

 

Serviço 

Data: 13 a 16 de abril, de quinta a domingo

Horário: quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h

Local: Centro Cultural São Paulo, na Sala Adoniran Barbosa | Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo/SP

Ingressos: As apresentações são gratuitas e os ingressos deverão ser retirados via bilheteria online, ou presencialmente no Centro Cultural São Paulo.

 

Fichas Técnicas

VER O AR OUVIR O VERÃO (2023)

Concepção e Coreografia: Eduardo Fukushima

Montagem musical: de Fukushima a partir de “Night’s Calling” de Rodolphe Alexis, “Sumertime”, de Tunekichi Suzuki e “Sedna” de Kyungso Park

Colaboração Artística e Assistente de Coreografia: Beatriz Sano

Colaboração Textual: Isabel Ramos Monteiro

Agradecimento: Toshi Tanaka (leque)

 

TEIA DE RENDA (2023)

Coreografia: Arilton Assunção

Músicas: “Teia de Renda”, de Milton Nascimento e Túlio Mourão e “Evocação das Montanhas”, de Henrique de Curitiba

Assistente de coreografia: Henrique Duarte e Samuel Elias Rodrigues

Mixagem de trilha: Lucas Romualdo

 

VEIAS ABERTAS (2023)

Coreografia: Poliane Fogaça

Músicas: “Canción para um Niño em la calle,” de Algel Ritro, Armando Tejada, René Pérez; “Afonsina Y El mar”, de Ariel Ramírez, Feliz Cezar Luna, “Razón de Vivir”, de Victor Heredia e “Canción Con Todos”, de Armando Teijada Gomez, Cézar Isella

 

MEMÓRIA EM CONTA GOTAS (2023)

Coreografia: Lili de Grammont

Trilha Sonora original: de Ed Côrtes, com canções – Você é Doida Demais”, “Vou Rifar Meu Coração” e “Linda”, de Lindomar Castilho

 

 

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