“Tornar-se ORLAN”, exposição que reúne uma série de obras protagonizadas pelo corpo da artista performática, chega ao Sesc Avenida Paulista neste sábado, 2. A mostra exibe obras desde a década de 1960 até os dias atuais, como fotos, vídeos, esculturas e instalações interativas com recursos de inteligência artificial.
A primeira mostra individual de ORLAN em toda América do Sul, conta com a sua presença na abertura e percorre as seis décadas de carreira da artista francesa, privilegiando mais de 60 trabalhos de uma produção atenta às questões latentes e tecnologias disponíveis de cada época. Com radical poética voltada ao feminino, a partir de uma perspectiva feminista, um dos nomes pioneiros da performance traz ao Sesc Avenida Paulista uma exposição, com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula Simioni, que inclui fotografias, vídeos e esculturas, desde performances seminais, como Corpos-esculturas da década de 1960, até ORLANoide, uma robô da artista constituída por inteligência artificial, que poderá interagir com o público em português, inglês e francês.
Em uma rápida passagem pelo Brasil, a artista francesa participa da abertura da exposição no dia 2, apresenta a performance “Tornar-se ORLAN”, no dia 3, e lança sua autobiografia “Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte”, no dia 6, pelas Edições Sesc, no Sesc Avenida Paulista.
Desde 1964 a artista renuncia o seu nome de batismo e adota ORLAN, obrigatório em letras maiúsculas, como um modo de contestar o enquadramento das mulheres à sociedade patriarcal, presente desde o nascimento pela adoção do nome paterno, depois, dos maridos. A partir dos princípios bem estabelecidos em seu manifesto “Arte Carnal”, ORLAN faz do corpo um ready-made modificado, isto é, um lugar de debate público. O corpo é matéria e suporte de uma estética de reinvenção da artista. Ao unir o estético ao político, ela investiga as formas de dominação ocidentais, atravessadas por práticas e valores normativos, como masculinidade, religião, marginalização cultural e racismo.
“Estimular a consciência crítica por meio da fruição artística representa, para o Sesc, instância fundamental de sua atuação educativa. Parte integrante dessa proposta, a investigação acerca da dimensão simbólica da corporeidade é tarefa fundamental para a viabilização de corpos, tanto individuais quanto sociais, efetivamente diversos”, destaca Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.
Performance “Tornar-se ORLAN”
Dia 3 de setembro, às 18h, ORLAN fará uma performance-palestra de uma hora sobre toda a sua carreira, acompanhada pela exibição simultânea de algumas das principais obras que produziu nestas seis décadas. Sua apresentação, no Sesc Avenida Paulista, será seguida de uma performance participativa com o público intitulada “O Slow da Artista” que será ativada pela primeira vez no continente americano. Com sua nova performance, ORLAN pretende oferecer aos participantes o que mais sentimos falta desde 2020, com a introdução do distanciamento social e os vários confinamentos adotados em muitos países do mundo após a pandemia de Covid: calor humano, abraços, contato corpo a corpo.
ORLAN propõe, assim, a dança como tratamento terapêutico após o difícil período de distanciamento corporal. A artista escreveu as letras das músicas e convidou cerca de vinte músicos para criar, cada um, uma melodia e cantar seus textos. Ela também inseriu sua voz na música em colaboração com o músico e cantor convidado. O álbum está disponível desde maio de 2023 (MISE A JOUR PRODUCTION/BACO MUSIC) em CD duplo, vinil duplo e todas as plataformas digitais – https://Baco.lnk.to/LeSlowDeLArtiste
Lançamento do livro “Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte”
No dia 6 de setembro, às 19h30, as Edições Sesc lançam, com o apoio da Embaixada da França no Brasil e o Institut Français, “Strip-tease: tudo sobre minha vida, tudo sobre minha arte”, uma autobiografia de ORLAN, com uma bate-papo entre a autora e Ana Paula Simioni, no Sesc Avenida Paulista. Na obra, a artista francesa, que possui o hábito de escrever todas as noites desde a adolescência, conta detalhes da sua vida, desde a infância, num meio operário, até a atualidade, destacando aspectos da sua trajetória pessoal e profissional. Na obra, ORLAN manifesta seus amores, seus dissabores, seus traumas e sua vida de artista na cena francesa e internacional, na qual se aproximou de grandes nomes da arte.
Ao contar sobre sua vida, a artista entrega um livro que permite ao leitor uma maior aproximação com suas obras e seus processos de criação, destacando a intencionalidade por trás de suas produções. Entre relatos tenros e, por algumas vezes, perturbadores, ORLAN fala sobre suas experiências afetivas e sexuais, sempre salpicando a sua visão de ser e estar no mundo, sendo uma mulher artista e que utiliza o seu próprio corpo como forma de expressar sua arte e expurgar os seus demônios.