De Tarcílio de Souza Barros
“Sylvia” é uma comédia romântica que estreou em 1995 na Off-Broadway, onde as salas teatrais não são comerciais. Trazia Sarah Jessica Parker no papel principal. A peça conta a história de Greg (Cassio Scapin), um bem sucedido engenheiro de produção que encontra a cachorra Sylvia num parque e decide levá-la para o seu “ninho vazio” onde vive com sua esposa Kate (Francoise Forton), depois de se encantar totalmente pela cachorra, interpretada pela atriz Simone Zucato.
Kate é uma bem sucedida professora de literatura, com uma carreira promissora. Quando chega em casa e se depara com a presença de Sylvia, Kate repudia a cachorra e ordena para Greg se livrar dela. O marido tenta convencer a esposa para ficar com ela por alguns dias.
Greg é um homem bem sucedido no trabalho, porém faz profunda reflexão de sua vida, e decide largar o emprego e levar uma existência de extrema simplicidade.
Entretanto entre o casal reina uma tensão insuportável, pois Greg se torna obcecado por Sylvia e Kate percebe que os alicerces de seu casamento estão abalados. Observa ainda que a cachorra ama seu dono. Nascem conflitos, incertezas, ciúmes e os sonhos desses personagens começam a mexer com um casamento de 22 anos.
Estamos frente a uma fantasia deliciosamente divertida, mas também uma visão psicológica de uma crise de um homem de meia idade, de um casamento vazio e da importância para ele de um cachorro em sua vida.
Conta com a impecável direção de Gustavo Wabner na condução, marcação e movimentação dos atores em cena. O elenco interpreta com envergadura teatral a história prendendo atenção do espectador, que se encanta com beleza da atriz Simone Zucato no papel da cachorra. A veterana Francoise Forton, por consumados trabalhos no palco e televisão, interpreta Kate em expressões faciais dramáticas a contento. Cassio Scapin como Greg é reconhecido como ator amadurecido nos papéis que interpreta sempre com brilho inconfundível. A peça ainda conta com Rodrigo Fagundes no elenco, nos papéis de Tom, Sônia e Nadir.
Os atores, de maneira uniforme, interpretam seus papéis com entusiasmo artístico. A simbiose amorosa de Greg com Sylvia deixa transparecer uma humanização que beira à raia do amor incondicional.
Em determinado momento, Sylvia se aproxima do público e, de forma humanizada, fala sobre o valor do compartilhamento, da mútua compreensão e da benesse do perdão. Não veio para dividir a relação matrimonial de Greg e Kate. Propõe aprendermos as diferenças dos humanos com os animais.
Por fim, “Sylvia” nos dá uma visão do amor incondicional de um animal com o ser humano.
Com eficiente cenário de Camila Schimitz, onde predomina o tom rosa, a concepção do figurino de Marcelo Marques são exercícios estéticos, e, sobretudo, a definida iluminação incidental de Wagner Freire — elevando a configuração visual da encenação.
Serviço:
- Peça teatral: Sylvia
- Texto: A.R. Gurner
- Tradução: Simone Zucato
- Direção: Gustavo Wabner
- Onde: Teatro das Artes (769 lugares)
- Av. Rebouças, 3970 – Shopping Eldorado, 3º piso
- Horário: Sexta e Sábado às 21h/Dom. às 19h
- Quanto custa: De R$50 (balcão fundo) a R$70 (balcão meio e plateia)
- Dur. 80min. – Gênero: comédia romântica
- Até: 01 de setembro
- Avaliação: Excelente