A Companhia de Teatro Heliópolis apresenta nesta sexta-feira, 14, o espetáculo gratuito “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”, no Teatro Clara Nunes do Centro Cultural Diadema, às 20h. Além disso, na quinta-feira, 13, a companhia ministra uma oficina de teatro, também gratuita, das 16h às 18h, no mesmo local.
Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere. Explorando um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere, o enredo parte da história de duas irmãs gêmeas – Maria dos Prazeres e Maria das Dores – com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.
A história das duas irmãs é um disparador no enredo de “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” para revelar o quão difícil é se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem direito a uma nova vida conjugal pelo risco de perder a própria vida. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.
A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. “Nosso propósito é apresentar uma obra que trace o percurso dessas mulheres, pretas e pobres, cujo destino é atrelado ao cárcere, e refletir sobre a situação limite em que o condenado se insere, além de mostrar que o modelo prisional vigente é cruel, discriminatório e não presta à ressocialização”, argumenta Miguel Rocha.
Essa é a primeira de uma série de sete apresentações, integrando o projeto “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos” – Circulação, contemplado pelo Edital nº 02/2022 do ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
O espetáculo recebeu os prêmios: APCA 2022 na categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro 2022 nas categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins na categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022.
Ficha técnica
Encenação: Miguel Rocha.
Assistência de direção: Davi Guimarães.
Texto: Dione Carlos.
Elenco: Antônio Valdevino, Dalma Régia, Danyel Freitas, Davi Guimarães, Jefferson Matias, Jucimara Canteiro, Priscila Modesto e Walmir Bess.
Direção musical: Renato Navarro.
Assistência de direção musical: César Martini.
Musicistas: Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino) e Jennifer Cardoso (viola).
Cenografia: Eliseu Weide.
Iluminação: Miguel Rocha e Toninho Rodrigues.
Figurino: Samara Costa.
Assistência de figurino: Clara Njambela.
Costureira: Yaisa Bispo.
Operação de som: Lucas Bressanin.
Operação de luz: Nicholas Matheus.
Cenotecnia: Wanderley Silva.
Provocação vocal, arranjos e composição da música do ‘manifesto das mulheres’: Bel Borges.
Provocação vocal, orientação em atuação-musicalidade e arranjos – percussão ‘chamado de Iansã’: Luciano Mendes de Jesus.
Estudo da prática corporal e direção de movimento: Érika Moura.
Provocação cênica: Bernadeth Alves, Carminda Mendes André e Maria Fernanda Vomero.
Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão.
Mesas de debates: Juliana Borges, Preta Ferreira, Roberto da Silva e Salloma Salomão – mediação de Maria Fernanda Vomero.
Orientação de dança afro: Janete Santiago.
Direção de produção: Dalma Régia.
Fotos: Rick Barneschi, Tiggaz e Weslei Barba.
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena.
Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis.
Serviço
CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos
Quando: sexta-feira, 14 de julho
Horário: 20h
Onde: Teatro Clara Nunes no Centro Cultural Diadema | Rua Graciosa, 300 – Centro, Diadema/SP.
Ingressos: Gratuitos | Retirar 1h antes no local.
Duração: 120 min.
Classificação: 12 anos.
Gênero: Experimental.